sexta-feira, 24 de abril de 2009

"Vossa Excelência não está falando com seus capangas do Mato Grosso"

Na quarta-feira última, durante sessão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da casa, ministro Gilmar Mendes, e o ministro Joaquim Barbosa trocaram insultos. O bate-boca ocorreu durante o julgamento de duas ações referentes ao pagamento de previdência a servidores do Paraná e à prerrogativa de foro privilegiado.



Deixando de lado as diferenças sobre o julgamento dos casos, as ofensas passaram a ser pessoais. No ápice da discussão, Barbosa chegou a dizer que Mendes não estava falando com os seus "capangas de Mato Grosso". Essa não foi a primeira vez que os ministros se desentenderam. Em agosto de 2007, Mendes e Barbosa bateram boca por uma lei que beneficiava servidores de Minas.

Apesar da situação nem um pouco agradável para o país, de dois ministros discutindo em plena sessão da Suprema Corte brasileira, Joaquim barbosa regozijou muitos brasileiros ao dizer um pouquinho do que estes guardavam para Mendes. Sem precisar voltar muito no tempo, Mendes mandou libertar duas vezes o banqueiro Daniel Dantas, recriminou e pediu punição contra o Juiz Federal Fausto De Sanctis (responsável pelas duas prisões de Dantas) e reforçou as acusações contra o delegado Protógenes Queiroz. Equanto isso, Barbosa tenta honrar com a posição de ministro de STF, por exemplo, quando acatou a denúncia da Procuradoria-geral da República contra os 40 do mensalão, mas parece estar sozinho. Os outros ministros emitiram nota lamentando a situação e apoiando Mendes. Sob o manto de salvaguardar a constituição, o presidente do STF vem tomando atitudes que não parecem ser moralmente dignas de um magistrado de tão alta patente. Ou, em poucas palavras, "destruindo a credibilidade da Justiça brasileira", de acordo com Barbosa.

Se formos um pouco mais a fundo na vida de Mendes, talvez não vejamos esse paladino da constituição que ocupa o cargo mais alto do Poder Judiciário brasileiro. Hoje, ele é o menbro mais notório da oligarquia que nasceu sob o guarda-chuva da ditadura militar, em Diamantino, a 208 quilômetros de Cuiabá, em Mato Grosso, e que só foi derrotada nas eleições passadas depois de duas décadas de poder. Primeiro como advogado-geral da União do governo Fernando Henrique Cardoso e, depois, como ministro do STF, Mendes deu uma mãozona para eleger o irmão caçula, o veterinário Francisco Ferreira Mendes Júnior, conhecido como Chico Mendes, à prefeitura de Diamantino, cargo que ocupa até hoje. O Grupo Bertin, gigante agroindustrial, de infra-estrutura e de energia, também foi levado à região. Influêcia de alguém com intenções eleitoreiras? Ah, claro que não... O mesmo grupo foi condenado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em novembro de 2007, logo, dois meses depois da assinatura do protocolo, por formação de cartel com outros quatro frigoríficos.

Será que pára por aí?

Para piorar a situação do Supremo diante da sociedade brasileira, a Corte negou ontem, quinta-feria, pela segunda vez o recurso apresentado pelo governador do Maranhão (pelo menos ainda na boa consciência dos maranhenses e dos brasileiros) Jackson Lago, que tentava reverter sua cassação, e assumir seu lugar de direito, tomado pelas falcatruas de Roseana e dos Sarney.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

As passagens aéreas e a tecnocracia

Depois de Adriane Galisteu, Protógenes Queiroz e até ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) serem envolvidos na "farra das passagens aéreas", a lista não pára de crescer. O próprio presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), "reconhece que deputados, inclusive ele próprio, destinaram parte dessa cota a familiares e terceiros não envolvidos diretamente com a atividade do Parlamento", de acordo com nota divulgada pela acessoria da Câmara. Já os líderes do PT e do PSDB na Câmara, os deputados Cândido Vacarezza (PT-SP) e José Aníbal (PSDB-SP), ainda minimizam os encândalos. "A estrutura dada aos deputados é menor do que a necessária", defende Vacarezza em entrevista à UOL.

A desculpa é sempre a mesma: a omissão das regras sobre o destino da cota excedente. E é aí que vemos que nossos políticos são tecnocratas, e não cumprem sua função de representantes. O servidor público deve - entenda-se tem de - servir ao público, e não usá-lo à favor do privado. Mas a máquina brasileira é, e sempre foi, uma oportunidade de ascender economicamente. Enquanto os verdadeiros patrões, o povo, se irritam com a bagatela de cota de bilhetes usados para parentes e afins, os verdadeiros rombos estão velados por aí.

Qualquer dia ficamos sabendo...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Eu disse que ele não era correto...

E como é que ainda duvidam se aqui é a terra dos milagres?

No dia em que Daniel Dantas ataca Protógenes, nega que seja culpado de corrupção ativa, e acaba sem dizer nada à CPI dos grampos,

no dia em que Jackson Lago, governador do Maranhão, teve seu mandato cassado, assumindo Roseana Sarney o governo,

Celso Pitta é condenado à prisão por não pagamento de pensão.

Só uma notícia dessa para salvar o dia.